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"Quem não reage, rasteja"

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Estudo holandês analisa como chimpanzés reagem à morte dos filhotes


   Os pesquisadores do Instituto Max Planck de Psicolinguística, na Holanda, relatam em detalhes como uma mãe chimpanzé reage à morte de seu bebê. O animal apresenta comportamentos que não são normalmente vistos com os filhotes vivos, como colocar os dedos contra o pescoço deles e deitar o corpo no chão para vê-los a distância.
   As observações da pesquisadora Katherine Cronin e de sua equipe fornecem uma visão única sobre como os chimpanzés, um dos primatas mais próximos dos seres humanos, aprendem sobre a morte. Os resultados do estudo estão na edição online desta semana da revista American Journal of Primatology.
   Os cientistas conduziram o trabalho no abrigo para animais Chimfunshi Wildlife Trust, na Zâmbia, África, onde chimpanzés selvagens resgatados do comércio ilegal vivem no maior grupo social em ambiente fechado do mundo. A dra. Katherine e Edwin Van Leeuwen, do Max Planck, colaboraram com Innocent Mulenga, do Chimfunshi, e com o dr. Mark Bodamer, professor de psicologia na Universidade de Gonzaga, no Estado de Washington (EUA).

Estreita relação

   Mães chimpanzés normalmente mantêm estreito contato por vários anos com seus filhotes, carregando-os quase que continuamente por 2 anos e os amamentando até os 4 ou 6 anos de idade. O forte vínculo entre mãe e filho continua por vários anos após o desmame, e é um dos relacionamentos mais importantes na vida desse primata.

Morte prematura

   Katherine e os colegas avaliaram o comportamento que um chimpanzé fêmea expressou em relação a seu bebê de 16 meses que havia morrido recentemente. Após carregar o corpo do filhote por mais de um dia, a mãe colocou-o no chão, em uma clareira, aproximou-se várias vezes dele e estendeu os dedos contra o rosto e o pescoço dele por vários segundos.A fêmea ficou perto do corpo por quase uma hora, em seguida levou-o a um grupo de chimpanzés e os viu examinarem o animalzinho. No dia seguinte, a mãe já não carregava mais o filho morto.
   Quase nada se sabe sobre como os primatas reagem à morte de indivíduos próximos, o que eles entendem sobre a morte ou se choram. Os pesquisadores acreditam ter presenciado um período único de transição em que a mãe aprende sobre a morte do filho, processo nunca antes relatado em detalhes. Mas eles se abstêm de interpretação, enquanto fornecem vídeos aos telespectadores para permitir que eles julguem por si mesmos o que os chimpanzés entendem sobre a morte.
   "Os vídeos são extremamente valiosos, porque nos forçam a parar e pensar sobre o que pode estar acontecendo na mente de outros primatas", diz a pesquisadora. "Se um espectador decide finalmente que o chimpanzé está de luto, ou simplesmente curioso sobre o corpo, não é tão importante quanto parar um momento para considerar essas possibilidades", afirma.

Vínculo mãe-bebê

   Estudos anteriores documentaram mães chimpanzés carregando seus filhotes mortos durante dias ou semanas, demonstrando que o rompimento do vínculo mãe-bebê é incrivelmente difícil para eles. A atual pesquisa complementa essas observações e lança uma nova luz sobre como esses animais podem aprender sobre a morte.
   "Nossas informações contribuem para um pequeno, mas crescente banco de dados sobre como primatas não humanos reagem à morte. Esperamos que essas descobertas continuem se acumulando e, eventualmente, permitam que os cientistas façam uma análise abrangente sobre a extensão do entendimento de primatas não humanos sobre a morte, e como eles respondem a isso", destaca Katherine.

Semelhanças com humanos

    "O abrigo Chimfunshi fornece uma incrível oportunidade de observar o comportamento de chimpanzés que vivem em grandes grupos sociais multietários e em condições naturalistas, o olhar mais próximo possível da vida selvagem", diz Bodamer. "Era apenas uma questão de tempo e de condições adequadas que a resposta dos chimpanzés à morte fosse gravada e submetida a uma análise para revelar notáveis semelhanças com os seres humanos", completa.

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