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"Quem não reage, rasteja"

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Chimpanzés usam o dobro de gestos do que se conhecia


   Uma equipe de pesquisadores da Universidade de St. Andrews, na Escócia, gravou em vídeo um grupo de animais com o objetivo de decifrar seu "repertório gestual".
   O time estudou 120 horas de gravações dos chimpanzés interagindo, investigando sinais de que os macacos estavam intencionalmente sinalizando uns para os outros. A descobertas foram publicadas na revista científica Animal Cognition.
   Estudos anteriores com chimpanzés em cativeiro indicavam que os animais tinham cerca de 30 gestos diferentes.
   "Isto mostra um repertório bastante grande", disse à BBC a chefe da pesquisa, Catherine Hobaiter.
   "Achamos que as pessoas anteriormente estavam vendo somente frações disto, porque, quando você estuda os animais em cativeiro, você não vê todo o seu comportamento", diz a cientista.
   "Você não os vê caçando, levando as fêmeas embora durante a 'corte' ou encontrando grupos vizinhos de chimpanzés".
   Hobaiter passou 266 dias observando e filmando um grupo de chimpanzés em uma estação de conservação em Budongo (Uganda).
   "Passei dois anos estudando estes animais, então eles me conhecem", afirma. "Eu os segui pela floresta e eles simplesmente me ignoraram por completo, levando suas vidas cotidianas".
   Ela e seu colega Richard Byrne escrutinaram as gravações e separaram cada gesto distinto em categorias.
   Eles procuraram sinais claros de que os animais estavam fazendo movimentos deliberados que pretendiam gerar uma resposta do outro animal.
   "Nós tentamos ver se o animal que fazia o gesto estava olhando para o seu público", disse Byrne. "E nós prestamos atenção na persistência; se a sua ação não produzia um resultado, ele então a repetia".
   A equipe ainda está estudando os vídeos para a próxima etapa de seu projeto - tentar descobrir o que cada gesto significa.
   Para alguns destes gestos, o significado parece óbvio, talvez porque, como grandes primatas, nós fazemos movimentos parecidos. Um chimpanzé acena para outro membro do grupo, ou um jovem macaco cumprimenta o outro para convencê-lo a brincar.

Dicionário de gestos

   Em um trecho dos vídeos feitos por Hobaiter, uma mãe estende seu braço esquerdo na direção de sua filha.
   "A mãe quer sair dali e faz o gesto para pedir que sua filha 'monte' nela", explica Hobaiter. "Ela poderia somente agarrar a sua filha, mas ela não o faz. Ela estende o braço e mantém o gesto enquanto espera uma resposta."
   Quando a jovem começa a se aproximar, a mãe repete o gesto e acrescenta uma expressão facial - um "sorriso" bem aberto, a partir do que a filha "monta" e elas então deixam o local.
   "Mas as ações muitas vezes têm efeitos que o seu autor não pretende", diz Byrne.
   "Assim, para entender o significado pretendido, não adianta somente descobrir o efeito típico de um gesto. Nós temos que investigar que efeito faz o agente parar de gesticular e parecer satisfeito e contente com o resultado, para estar certo de que era aquilo que ele pretendia."
   Os resultados forneceram dicas sobre as origens dos gestos dos chimpanzés, indicando que eles são um sistema comum de comunicação que permeia a espécie, em vez de cada movimento ser um hábito adquirido ou um ritual dentro de um grupo social.
   Na verdade, ao comparar estas observações com as feitas com o gestos dos gorilas ou dos orangotangos, os pesquisadores mostraram que havia uma sobreposição significativa dos sinais usados pela família dos grandes primatas.
   "Isto sustenta a nossa crença de que os gestos usados pelos macacos (e talvez alguns gestos humanos também) são derivados da antiga linhagem compartilhada por todas as espécies de grandes primatas existentes hoje", diz Hobaiter.

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