Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que el

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"Quem não reage, rasteja"

terça-feira, 17 de maio de 2011

Falar sem Pensar

  
Jeitinho Brasileiro



Faziam apenas algumas horas desde minha chegada a Califórnia quando notei que estava sem dinheiro. Meu cartão de credito internacional ainda estava bloqueado e meu telefone havia descarregado, pois meu celular tem mp3 e ouvi música durante quase toda viagem. Senti que meu estômago começava a roncar de fome e o frio aos poucos me incomodava. Ainda estava no aeroporto e achei um lugar em que podia recarregar meu celular para buscar ajuda. Foi neste tempo que vi minha amiga de viagens, meu violão, saindo de dentro da esteira de "luggages", e me veio à idéia: "Vou ficar tocando algumas músicas para o tempo passar e quem sabe assim não tenho uma idéia do que fazer!". Sentei em um lugar bem movimentado, perto do aquecedor do aeroporto e comecei com alguns dedilhados para aquecer meus dedos. Comecei tocando Charlie Brown e Strike. Quando me dei conta, havia algumas pessoas olhando e gostando do som brasileiro e foi quando uma americana passou e me deixou um dólar, dizendo: "Good music boy, I liked this rhythm!!". No mesmo instante fiquei muito animado e percebi que se continuasse poderia conseguir alguma grana para pelo menos matar a fome. Foi ai que apareceu um brasileiro com um pandeiro e camisa da seleção. Seu nome era Victor, conhecido como Vitão. Perguntou se podia me acompanhar, pois estava esperando o próximo vôo. Respondi que sim. Tocamos desde samba, forró a rock. Muitas pessoas pararam para olhar e apreciar. Já havia quase trinta dólares que tinham me dado e estava começando a me cansar e vitão tinha que ir embora. Dividimos o dinheiro e fui lanchar. Já de barriga cheia e com o celular carregado fiquei aliviado que finalmente ia poder buscar ajuda. Após tentar ligar para central de atendimento ao estudante de intercâmbio, o celular não funcionava, percebi que minha operadora não estava funcionando. Veio-me uma sensação de desânimo, isso só acontecia comigo. Mas sou brasileiro e não desisto fácil, afinal tocando música brasileira já gostaram e ganhei um dinheiro. Tentei olhar ao redor para ver se surgia mais alguma idéia. Afinal, eu poderia ganhar dinheiro com alguma coisa para pegar um táxi até a central. Abri minha mala e olhei para minhas meias e pensei em fazer malabarismo no sinal. Comecei a rir: "Lá não era o Rio!!" - falei para mim mesmo. Tentei associar idéias. O que os americanos mais gostam dos brasileiros. FUTEBOL!!! Mas o que se pode fazer com o futebol dentro do aeroporto? E sem bola! Logo desisti da idéia. Mas após dar umas voltas comecei a reparar que estavam faltando carrinhos de carregar mala para as pessoas e comecei a pedir: "Excuse me, may I help you to lead your luggage in exchange of any money?? Because I need to go to the student's interchange central office by cab!". Não sabia se meu inglês estava muito bom, mas pelo menos estas pessoas entendiam e me ajudaram. Quando estava com uma boa quantia que achava ser suficiente para chegar ao lugar e estava ajudando a última pessoa, pois depois dela eu pararia, veio um guarda e pensou q estava roubando a mulher. Fiquei nervoso e esqueci do inglês e a gente não se entendia. Que confusão. Depois de um tempo ali naquela situação a mulher me ajudou e explicou o ocorrido ao guarda. "Ufa, parece que a sorte está voltando para meu lado". Agradeci a mulher e fui seguir meu rumo. O dinheiro deu até para comprar um casaquinho e fui pegar o táxi depois de toda essa situação inesquecível. Afinal era só o começo de uma longa jornada pelos EUA. E que emoção foi estas primeiras horas e sentia que haveria muitas outras e fiquei feliz por ter este jeitinho brasileiro de ser.

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