Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que el

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"Quem não reage, rasteja"

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Poesia escrita


   A infedelidade de uma mulher

   Diz a sabedoria popular que a insatisfação de uma mulher acaba inevitavelmente sendo resolvida fora de casa. Se isso é realmente verdade, conclui-se que não existe vacina biológica contra a traição e que todas as mulheres seriam potencialmente insatisfeitas e infiéis pelas razões variadas. Madame bovary, pela ignomínia, Simone  de Beauvoir, por motivações filósoficas aborrecidas, e Lady Chatterly, por ser tragicamente romântica e feminina. Até aí, nada muito surpreendente. Femêas de babuínos, orangotangos e chimpanzés, animais muito próximos á espécie humana na classificação zoológica, não têm nenhuma predisposição para formar casais e fazem sexo com toda vizinhança sem menor cerimônia.
   Isso nos leva a refletir sobre algumas possibilidades interesantes. O casamento monogâmico existiria como necessidade natural dos seres humanos ou como parte de uma ritual já desbotado pelo desafio dos novos tempos? a compulsão pelo casamento seria um sentimento inato na alma das mulheres ou uma necessidade cultural já em franca desarmonia com a velocidade do mundo conteporâneo? A psicologia evolucionista defende que o comportamento das pessoas seria regido por genes e comandos biólogicos ancestrais orientados pelo instinto de sobrevivência. Mulheres seriam induzidas a procurar homens poderosos para cuidar delas e da sua prole, e homem sairiam á caça de mulheres jovens, com tempo pela frente e anatomia adequada ao rito da reprodução.
   Simples como isso? Certamente não. Se essa teoria fosse cem por cento verdadeira, o homem e a mulher atributo anulariam o poder de sedução de todos os demais, transformando o mundo numa planície vazia pela falta de romance. E não é assim que funciona.  O que aproxima as pessoas talvez seja uma atração voltada para a complementação genética, orientada por fatores instintivos e sensoriais que seriam a base da química do amor e não a supremacia pura e simples dos mais bem dotados. Dentro da lógica evolucionista, a independência econômica completa do gênero feminino teria como resultado prático o fim do casamento monogâmico e a liberação completa das mulheres para desfrutar sem remorsos os prazeres promíscuo das suas primas macacas.
   Resta saber se os homens teriam uma relação legal com essas novas fêmeas desprovidas do olhar beato que eles tanto prezam na hora do acasalamento final.

 Treco do livro: Cartas a uma mulher carente -  Ney Amaral

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