Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que el

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"Quem não reage, rasteja"

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Falar sem Pensar


Ao acaso neste descaso (a “guerra contra as drogas”)

   Há tempos estamos lutando uma guerra perdida. Batalhas sem vencedores, onde a única certeza são as baixas de ambos os lados. Será que podemos elencar rivais dentro dessa visão maniqueísta onde se digladiam o Estado e seus agentes de um lado e do outro o “bandido”? As políticas repressivas, fruto da ideologia “War on drugs”, encabeçadas pelos Estados Unidos da América, há muito tempo não surtem efeito. Podem até servir pra vender jornais, financiar a indústria bélica, fazer marketing eleitoreiro, menos para diminuir o tráfico de entorpecentes e o crime que se imbrica nesta relação de mercado e de poder. No entanto, há tempos toda essa repressão aguçou a criatividade desses criminosos que buscam outras formas de lucro quando o mercado do narcotráfico vai mal.
   É preciso discutir um pouco mais sobre essas vias de lucro paralelas e interligadas ao mercado do narcotráfico. O tráfico de armas é a mais expressiva modalidade criminosa que tem sua razão de ser para defender os territórios do tráfico. Os roubos a carros e cargas são feitos com armas oriundas das transações de traficantes ou por grupos de narcóticos decadentes. O investimento na pirataria muitas vezes tem recursos de alianças criminosas como forma de criar um caixa paralelo as suas movimentações com pó. Os senhores do crime que financiam o tráfico de pessoas tem ramificações com o descaminho, entorpecentes e armas ilegais.
   Todos esses pontos são fruto de uma liquidez, os delinqüentes de um ramo simplesmente migram para outro, criminosa que surge para se apoiar, que reparte lucros e subsiste na omissão do Estado e participação de alguns membros respeitáveis da sociedade. É preciso ser muito ingênuo para não saber a procedência de certas peças automotivas com preços abaixo do mercado. Se há roubo de carga não é para ser distribuída numa favela num ato de Robbin Hood. A aquisição de produto pirata terá certamente a sua renda usada para o financiamento das modalidades criminosas aqui discutidas, além disso, há o descaminho que prejudica os cofres públicos. De quem é essa culpa? De quem vende? De quem compra? De quem trafica? 
   Sem dúvidas, a Receita Federal não recebe nenhuma parte dessa distribuição lucrativa, mas alguns mercados financeiros “legais” estão de olhos nesse capital sujo. Através da lavagem de dinheiro, não necessariamente com a presença de uma entidade bancária, esse dinheiro “sujo” financia carros importados, jóias, mansões, iates, aviões, roupas e perfumes de grife cujos donos não residem no complexo do alemão, Pedreira Prado Lopes ou Nordeste de Amaralina.
   Enquanto isso, no teatro de operações, tem uma guarnição adentrando uma favela para combater o tráfico de drogas que é o bode expiatório para os elevados índices de homicídios. Nesse mesmo instante o “rappa” da prefeitura fazendo ambulantes correrem para salvarem suas mercadorias. Noutro local da cidade uma blitz de trânsito para fazer uma ação de presença. Em outro local da cidade uma delegacia de repressão a furtos e roubos de veículos que com um efetivo reduzido tenta fazer milagres diante do aumento da frota de veículos nas ruas que facilita as ações marginais. Por fim eu e você, cidadãos, submetidos ao acaso com tanto descaso, rezando para não ser a próxima vitima, já que homicídios, assassinatos a luz do dia, saidinhas bancarias, acertos de contas entre traficantes, roubos de veículos e assaltos nas sinaleiras são fatos do nosso cotidiano.

Fábio Nilo é aluno-a-oficial da Polícia Militar da Bahia, cursando o segundo ano do Curso de Formação de Oficiais.

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