O estudo também afirma que os autodeclarados simpatizantes do movimento ultradireitista Tea Party, em sua maioria do opositor Partido Republicano, são significativamente mais hostis com os imigrantes e seus filhos, bem como contrários a legalizar seu status. Os dois grupos tendem a crer que a discriminação contra os brancos na sociedade consiste em um grande problema, tanto quanto a discriminação contra negros e outras minorias, segundo o estudo, divulgado no dia 6 pela Brookings Institution e o Instituto Público de Pesquisa sobre Religião (PRRI).
A pesquisa – realizada por meio de entrevistas telefônicas, em inglês e espanhol, com 2.450 adultos durante a primeira metade de agosto – também concluiu que os consultados mais jovens, entre 18 e 29 anos, geralmente tendem a ter opiniões mais favoráveis sobre as minorias (inclusive os muçulmanos) do que os mais velhos, em parte devido a uma significativa maior interação em sua vida diária com pessoas de outras culturas. A maioria dos mais velhos (52%), por exemplo, responderam que o Islã estava “nas antípodas dos valores norte-americanos”, enquanto a maioria dos jovens (54%) discordou. Dos jovens, 64% disseram acreditar que os imigrantes fortalecem a sociedade norte-americana, e 51% dos adultos afirmaram que eles ameaçam os valores e costumes nacionais.
“A pesquisa revela que o país está em meio a uma discussão que já ocorreu uma ou outra vez sobre a diversidade e a imigração, e este debate tem hoje fortes dimensões partidárias e ideológicas, quando não era assim”, disse E. J. Dionne, pesquisador do Brookings e coautor doe estudo. “Os padrões por geração – os jovens em geral são mais favoráveis à imigração e à diversidade do que os mais velhos – sugerem que, no longo prazo, resolveremos esta discussão, como fizemos no passado, a favor da inclusão. Mas, no curto prazo, será um debate difícil e às vezes divisionário”, afirmou Dionne.
De fato, a pesquisa sugere que os Estados Unidos estão mais polarizados, especialmente entre partidos e gerações, do que estavam às vésperas dos atentados de 11 de setembro de 2001, que teriam incrementado a islamofobia e a hostilidade contra os imigrantes, especialmente entre os mais velhos e autodeclarados republicanos. Dez anos depois, “parecemos menos unidos como nação”, segundo o informe.
A vasta maioria dos consultados, segundo o trabalho, defendeu os princípios da tolerância religiosa do país. Quase nove em dez entrevistados (88%) disseram que os Estados Unidos estão baseados na ideia de liberdade de culto para todos, e 95% afirmaram aceitar que “todos os textos religiosos devem ser tratados com respeito, ainda que sem compartilhar as crenças que contêm”. No entanto, 47% concordam que os valores do Islã estão “nas antípodas dos valores norte-americanos” e 48% discordam.
O estudo encontrou significativas diferenças neste tema entre grupos políticos e demográficos. Embora uma maioria de autodeclarados simpatizantes do governante Partido Democrata, independentes e telespectadores da rede de TV CNN e da televisão pública discordem dessa afirmação, cerca de dois terços dos republicanos, seguidores do Tea Party e telespectadores da Fox News disseram concordar que os valores islâmicos estão distantes dos princípios norte-americanos.
Da mesma forma, enquanto 30% de todos os consultados (contra 23% em fevereiro) concordaram com a afirmação de que os “muçulmanos norte-americanos querem estabelecer a lei islâmica” no país – tema favorito dos islamofóbicos –, 45% de todos os entrevistados republicanos concordaram, como fizeram 54% dos simpatizantes do Tea Party e 52% dos telespectadores da Fox News. “Os canais de notícias têm um papel poderoso em influenciar as opiniões” sobre a fé islâmica, disse Daniel Cox, diretor do PRRI. “Os norte-americanos que dizem confiar na Fox News são mais inclinados a ter opiniões negativas sobre o Islã e os muçulmanos”.
A pesquisa também constatou um duplo discurso no público em geral na hora de avaliar a violência cometida por pessoas autodefinidas como cristãs ou muçulmanas. Mais de oito em cada dez (83%) disseram que os que se definem com cristãos e cometem atos de violência em nome da religião “não são realmente” representantes dessa fé. Entretanto, quando a mesma pergunta foi feita sobre o Islã, menos da metade (48%) disseram que os que cometiam violência não são realmente muçulmanos. O duplo discurso, no entanto, foi mais pronunciado entre republicanos e partidários do Tea Party (55%) do que entre democratas (40%) e independentes (39%).
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