Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que el

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"Quem não reage, rasteja"

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Falar sem pensar


Tudo é medo da morte

Tudo. A ambição é medo da morte. A luxúria é medo da morte.
A busca incessante pela beleza é medo da morte. Também a avareza, também o egoísmo, também o ciúme, também a religião.
Matar é ter medo da morte.
 Sorrir serve para distrair-se dela, chorar é uma tentativa de assustá-la.
Viver é ter medo da morte. Sem morte não haveria uma idéia de vida. Não seria binário, não haveria valor. Juízo de valor é medo da morte.
Arte é ter medo da morte.
Ninguém reza para obter uma outra vida. Reza para livrai-nos-do-mal-amém. Reza para que a morte não venha.
Respeita-se a morte por medo da morte. Visitam-se os mortos por medo dela.
Trabalha-se por medo da morte, paga-se conta por medo, imposto por medo, tem-se filho por medo da morte. A Moda tem medo da morte, o Direito também.
O suicida tem medo da morte e, para se esquivar dela mais rápido, comete seu intento.
O feto já nasce com medo da morte e, portanto, nasce chorando.
Os velhos têm medo da morte na fantasia que ela só os ronda a eles.
A corrupção é fruto do medo da morte, a tortura também, assim como o castigo, assim como o orgasmo, assim como a falta dele.
Toda divindade vem do medo da morte. Todo demônio também, todo gênio, todo elfo, toda bruxa, toda lenda, todo tesouro.
Todo texto. Todo livro. Toda droga, todo vício, toda mania, todo defeito.
Tudo. Tudo é medo da morte.
A morte, coitada, precisa de descanso.

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