A verdade nua e crua
Não!
Não és tu que voltas
Nem é a ti que reencontro
É a minha memória
Que ainda te não deitou porta fora
Ainda te não pôs na rua
A ti nunca te conheci
Assim
Como
Hoje
És
Nem eu sou o que fui
Outrora
Hoje sou outro
Sou diferente
Tu és o passado
Eu sou o presente
Nós nunca nos conhecemos
E dificilmente nos voltaremos
A conhecer
Nem vamos reiniciar
Nada de novo
Não importa chorar
Agora
És só atriz secundária de um filme
De uma reposição
Em que o matraquear da máquina
Manual
É o bater do teu coração
Um filme que revejo
Na pequena sala de cinema
Da minha lembrança
Lançada na obscuridade
Pediste-me a verdade
Sem fantasia
Dou-te a poesia
Nua e cru
Henrique Pedro
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