Fica aqui perto. Da esquerda para a direita, a imagem, sem legenda, lê-se. Perto, lê-se demorada, e íntima: é a figura de um amante.
Banham os dez dedos das mãos quatrocentas mil sílabas, e em tudo tocam, agora que o corpo se deixou de encontrar, se deixou procurar. Procura.
As noites nunca são tão escuras quando os homens conseguem esquecer tudo o que
aprenderam, faltar a tudo o que prometeram, trair tudo quanto acreditaram, só pelo
primeiro cetim de um beijo, nesse sabor doido de boca. Depois, os amantes partem sempre, deixando, sem vida, tudo aquilo que amaram. Partem sempre.
E o que fica, fica perto, dói, não se separa ou atenua - adoece simplesmente, ensinando a quem sente, o prazer terrivel da mágoa, a ininterrupta saudade do que nem sequer foi alegria - uma espécie, enfim, de amor. Numa espécie de corpo que ficou sozinho.
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